Eu não tô nem aí para emagrecer!
Eu convivo há muito tempo com meu peso extra. Sinto que minhas capas de
gordura são como velhas amigas. A gente se entende. Briga, fica nervosa uma com
a outra quando tenta comprar uma roupa nova – é bem verdade, mas depois da
crise, a gente volta às boas. É como um revestimento fofinho que amortece. É
uma burca às avessas que vem de dentro para fora entre a alma da gordinha e a
pele que divide o EU com o mundo exterior.
Isto posto, é importante destacar
que eu estou na academia por pura necessidade. É o reconhecimento máximo que uma
gorda faz de que é preciso cuidar da saúde. Não é um caso de felicidade. É uma
urgência. Feliz mesmo eu fico diante de um pedaço suculento e fumegante de
pizza. Ahhh, aquele cheiro da química formada pelo contato do manjericão com o
queijo derretido e o licopeno do tomate... Ou de uma massa ao pesto, ou de um
risoto de aspargos. Para completar o cenário perfeito do meu paraíso seria incluir
um “me afogar” em uma taça de vinho com a garrafa aberta ao lado - cheia de
possibilidades. Na vitrola um som legal ao estilo do Black Sabbat, Nirvana,
Guns, The Who, Talking Heads, Pink Floyd, ou simplesmente virar o fio para Tim
Maia, Legião Urbana ou ainda pirar o cabeção com Vicente Celestino e Altemar
Dutra. Luz apagada depois dessa orgia alimentar e musical, sem ninguém para
encher o saco.
Só que a felicidade plena é um engodo. Então, volto à
realidade. Sei que tenho que achar um ponto de equilíbrio, nem tão ao céu e nem
tão ao inferno.
Quando me perguntam se eu já
estou emagrecendo depois dos dias que inicie os treinos na academia, tenho que
dizer apenas que não sei. Eu não fiz a maldade comigo mesma de passar pela pesagem antes, durante e depois. Não sou caminhão de carga em excesso que
precisa passar pela balança para não ser multada. Bom, ao menos não sou
caminhão. O resto tudo pode ser! Não me pesei uma única vez desde que inicie a
academia. Não conto calorias do que como (até porque agora ainda daria muito
trabalho para contar e o Ideb já diz que não somos bons em matemática. Para quê
contrariar as estatísticas?).
Agora, se alguém perguntar se me
sinto melhor, bom, aí a resposta ganha sentido: subo escadas sem o celular na
mão pronto com o número do SAMU. Já fiz algumas amizades na academia que tornam
a frequência divertida, tenho uma relação afetiva com a Jurema (a bicicleta
ergométrica mais fofa do mundo) e tenho conseguido controlar um pouco o apetite
para fazer valer a pena todo o esforço no sobe, desce, pedala, senta e rola da
academia. Acho que já tá valendo né?
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